Dois Cavalos de Turim
A relação cinema-literatura parece por vezes uma via de sentido único. É frequente a adaptação de romances a filmes, mas raro o inverso.
Booktrailer por BINOCULOFILMES
Booktrailer por BINOCULOFILMES
COMPRAR ONLINE
Dois Dias Edições
Dois escritores sentam-se então perante um filme – «O Cavalo de Turim» (2011) de Béla Tarr –, e escrevem.
Não se trata apenas de usar o estímulo das imagens em movimento, nem do som, como inspiração para um texto, mas de se aproximar tanto quanto possível da ideia de adaptação, da mesma forma que um cineasta leria um livro a partir do qual pretende fazer um filme.
«(…) os cineastas parecem insatisfeitos com fontes de interesse tão óbvias como a passagem do tempo e a dimensão sugestiva da realidade. Desprezam a fuga das gaivotas, os navios no Tamisa, o Príncipe de Gales, a Mile End Road, Piccadilly Circus. Eles querem melhorar, alterar, fazer a sua própria arte – naturalmente, pois muito parece estar ao seu alcance. Muitas outras artes pareciam prontas para oferecer a sua ajuda. Por exemplo, havia a literatura. Todos os romances famosos do mundo, com os seus personagens bem conhecidos, e as suas cenas famosas, apenas pediam, ao que parecia, para serem colocados nos filmes. O que poderia ser mais fácil e simples? O cinema caiu sobre a sua presa com imensa rapacidade e, até ao momento, subsiste em grande parte a partir do corpo da sua infeliz vítima.»
Virginia Woolf, em “The movies and reality” (1926)